Se o suflê fosse uma pessoa, acredite: ele teria uma fama terrível. Desde pequena, muito antes de começar a cozinhar
Não sei quem foi a criatura infeliz
que resolveu espalhar esse boato. Ele está tão grudado na cabeça das pessoas,
que algumas desistem na hora H. Dá para
acreditar? Não contente, parece que todos acabam influenciando para que esse
mito seja ainda mais real. Quando a gente entra nos sites de receitas e olha os
comentários dos leitores, a tragédia fica ainda mais evidente. O meu veredito: balela,
meus caros. A verdade, é que esse é um prato que demanda precisão e atenção, mas
nem por isso pode ser considerado tão difícil assim.
Como o próprio nome já diz,
"soufflé" significa "soprado". A partir do nome, já fica
claro que é um prato leve, delicado e com a massa fofinha. Se você está pensando
que ele fica inflado daquele jeito por causa de fermento, você está muito
enganado. Inclusive, não diga isso em voz alta que é sacrilégio. A base do
suflê é feita de claras, e são elas as responsáveis pelo sucesso ou fracasso
da sua receita. Ou melhor, o ar incorporado à elas. Já ouvi alguns cozinheiros
dizerem que a técnica está em bater as claras com um fouet, pois só assim,
sabe-se qual é o ponto ideal. Claro que eu não sou tão aplicada assim, e
acredito que você também não seja. Portanto, fique tranquilo que a sua
batedeira dá conta do trabalho com muito primor. Brincadeiras a parte, de fato
é importante prestar atenção nas claras. Elas devem atingir o ponto em pico, serem
capazes de formar uma pontinha estável no batedor, mas sem adquirir muita
rigidez. Caso elas fiquem duras e firmes demais, será difícil de incorporá-las
à massa e aí, o seu suflê não irá crescer como deve.
Outro fator importante é a
temperatura do forno. Quando a massa for colocada para assar, ele já deverá
estar bem aquecido para não atrapalhar o crescimento. Lembre-se que existe
ar contido nas bolhas minúsculas da clara em neve e, com muito calor,
ele se expande e faz crescer o volume. Portanto, quando fechar a porta do forno,
não abra de forma alguma até dar o tempo necessário do cozimento.
Para essa minha estreia - sim,
foi o meu primeiro suflê - escolhi uma receita do Larousse Gastronomique. Como era nova no assunto, escolhi o Google da gastronomia para me guiar. Segui a receita à risca, tim-tim por tim-tim. Para a minha felicidade, deu certo. E
muito! A textura ficou fofa e aerada, e o sabor do limão sutil e delicado. Ficou
realmente incrível. Isso tudo sem contar o aroma, que invadiu a casa inteira. Foi uma experiência realmente interessante. Se você é o tipo de pessoa que não se deixa levar por medos
bobos, você deve tentar essa receita o quanto antes.
Batedeira à postos, e vem
comigo!
Para 8 ramequins:
- 6 claras
- 5 gemas
- 40g de farinha
- 100g de açúcar de confeiteiro (dividido em 60g e 40g)
- 100g de manteiga sem sal em ponto de pomada (mole e em temperatura ambiente)
- Suco de dois limões sicilianos
- Raspas de dois limões sicilianos e um limão galego
- 300ml de leite integral
- Uma pitada de sal
Comece preparando os
ramequins. Unte com manteiga e polvilhe com açúcar de confeiteiro. Reserve.
Com um ralador, raspes os limões para obter as raspas. Cuidado para não ralar a parte branca.
Separe as gemas das claras. Tome cuidado para não deixar cair nenhum resquício de gema nas claras separadas. As claras em neve não se formam se houver gordura na mistura, ok?
Separe as gemas das claras. Tome cuidado para não deixar cair nenhum resquício de gema nas claras separadas. As claras em neve não se formam se houver gordura na mistura, ok?
Em uma panela, peneire a
farinha para descartar os possíveis grumos. Adicione a manteiga e os 60g de
açúcar de confeiteiro. Misture com um fouet para formar uma pasta bem
homogênea. Em seguida, adicione o leite quente aos poucos, sempre batendo a
massa vigorosamente com o fouet.
Pré-aqueça o forno à 200º.
Leve a massa ao fogo médio para secá-la como se fosse uma pâte choux (utilizada na preparação de bombas/éclairs).
Com a ajuda de uma colher, mexa constantemente para não grudar. Não espere que ela
fique firme e seca como a pâte choux, pois, ela ficará oleosa e bem mais
mole. O processo gira em torno de 5 a 7 minutos. Com ela já "seca" e
fora do fogo, adicione o suco dos limões, as 5 gemas e as raspas. Mexa bem, incorporando
todos os ingredientes e deixando a massa bem homogênea.
Passe para as claras em neve.
Coloque as claras na batedeira com uma pitada de sal, e bata em velocidade baixa por 4
minutos. Em seguida, adicione cuidadosamente os 40g
de açúcar. Vá aumentando a velocidade aos poucos até atingir o ponto ideal.
Lembre-se que as claras devem estar firmes e devem formar um pico no batedor de
arame sem pender para os lados. No entanto, não muito rígidas. Fique de olho!
Quando as claras estiverem no
ponto, desligue a batedeira e incorpore ⅟3 da massa à elas. Puxando de baixo
para cima e misturando de forma delicada, incorpore a mistura às claras. Em
seguida, misture o restante da massa. Não misture muito para não perder o ar e nem desfazer demais as claras em neve.
Preencha os ramequins (eu
preenchi ⅔,
mas acredito que você possa preencher um pouquinho mais), coloque-os em uma
forma com água e leve para assar em banho-maria por 40 minutos. Assim como
fazemos com um bolo, passado o tempo recomendado, espete um palito na lateral
para saber se ele está bom. O palito deve sair sequinho e sem massa.
Dica: não perca tempo e coma
imediatamente!
Bon Appétit!
Bisous,
Mariana Muller
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