Queria
ser o tipo de pessoa que quando volta a um restaurante, faz pedidos diferentes
para experimentar um novo prato a cada vez. Queria né, porque sou o tipo
contrário: quando gosto de algo, insisto nela eternamente. Quando não conheço,
vou naquelas opções que dificilmente dão errado. No caso dos restaurantes
italianos, a tríade: Carbonara, Bife Parmegiana ou o Cacio e Pepe. Já fiz o
primeiro, fico devendo o segundo, e hoje trago o terceiro: Linguini Cacio e
Pepe.
Pesquisando,
li no Paladar (Estadão) que existem contradições sobre a criação do prato. Uns
afirmam que foi obra dos pobres, que tinham massa e queijo pecorino aos montes
e podiam portanto criar um prato simples como esse. Historiadores, afirmam que
isso é impossível já que a pimenta preta era algo extremamente caro e
disponível apenas para a nobreza. De acordo com eles, o mais provável é que
tenham sido os papas e cardeais os responsáveis pela invenção da receita. eu
tivesse que chutar, ficaria com a versão dos papas. Devo concordar que
realmente alguns tipos de especiarias eram vistas como raridade. Ou seja, pouco
acessíveis ao povo.
Dia
desses, me deu uma vontade louca de comer o clássico Cacio e Pepe. Ou
melhor, não só de comer mas também de preparar. A lista de ingredientes é bem
simples: macarrão, queijo pecorino, pimenta preta e água do cozimento. Como já
dizia a minha avó, quando a esmola é demais o santo desconfia. Realmente, esse
é um daqueles pratos que enganam horrores. Simples? Sim. Fácil? Não. E,
antes que alguém pergunte: sim, eu errei. Muitas vezes.
A
primeira tentativa foi bem frustrante: o queijo virou um grande chiclete
apimentado, ou seja, nada cremoso e pouco incorporado ao macarrão. Para o meu
desespero, isso se repetiu nas outras duas vezes. Deixei o teco do pecorino que
me restava de lado para tentar outro dia. Lógico que não aguentei, e no dia seguinte
lá estava eu de novo. Como as outras vezes foram um grande fracasso,
nessa quarta tentativa optei por um método diferente: o preparo a frio.
De
acordo com a culinária italiana, existem dois métodos utilizados em Roma: a
preparação a quente e a frio. A primeira (e mais clássica de todas), acontece
misturando o queijo com a massa e a água diretamente no fogo. A segunda,
mistura-se primeiro o queijo com a água do cozimento fora do fogo até obter um
creme, para depois misturar ao macarrão. O grande lance dessa receita está em
controlar a temperatura para que o queijo não derreta antes de incorporar ao
líquido. O segundo método não é o mais louvável deles por ser o mais fácil, mas
em momentos de tensão funciona muito bem. De verdade? O importante é que
deu certo! E, garanto que o gostinho do acerto deu um sabor muito mais especial
ao meu prato.
Não
existe uma quantidade de pimenta específica. Ou seja, esse é um daqueles pratos
que são feitos de acordo com cada paladar. Eu gosto muito de pimenta, então acabo
pesando a mão na hora do preparo. Acho que a agressividade da pimenta harmoniza
muito bem com um bom vinho tinto, levando a experiência do Cacio e Pepe a um
outro nível.
Pimenta
no moedor, e vem comigo!
Para
uma pessoa:
- ¼ de um pacote de linguini grano duro (ou qualquer outra massa longa)
- 80g de queijo pecorino ralado
- Q/N de pimenta do reino (ralada na hora)
- Q/N de água
- Fio de óleo
- Sal a gosto
Rale o queijo pecorino
e moa a pimenta da reino. Reserve.
Cozinhe o macarrão na
água salgada e com um fio de óleo conforme as instruções do pacote. Lembre-se
apenas de colocar o sal depois que a água ferver, e deixar a massa al dente.
Quando a massa estiver pronta, utilize um escorredor de macarrão e reserve a
água do cozimento. Em um bowl, misture
duas conchas pequenas da água do cozimento com o queijo pecorino ralado e a
pimenta do reino. Mexa vigorosamente até formar um creme – se houver
necessidade, adicione um pouco mais da água do cozimento aos poucos. É
importante que a água esteja quente, no entanto, nem tanto para que o queijo
possa derreter ao invés de formar um chiclete. Ok? Em seguida, adicione o creme
ao macarrão e misture.
Sirva com um pouco
mais de pimenta ralada na hora.
Bon Appétit!
Bisous,
Mariana Muller
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