Essa semana foi uma verdadeira
festa orgia gastronômica italiana. Eu trouxe para vocês o agressivo e
minimalista Cacio e Pepe, e o clássico Fettuccine Alla Puttanesca com direito à
massa fresca e tudo mais! Depois desses dois pratos que, do meu ponto de vista,
definem um pouco a cultura italiana, não poderia deixar de fora o dolce mais
famoso do país. Para fechar essa primeira fase - porque com certeza eu farei
mais alguns repetecos - decidi que tinha que ser com chave de ouro: com o
tradicional Tiramisú.
Assim como a maioria dos
pratos italianos, o tiramisú não escapou das dezenas de histórias que rondam a
sua origem. Pela composição (gemas e café), alguns historiadores dizem que o
doce foi criado pelas cafetinas italianas para dar mais energia aos clientes
depois de uma noitada de farra. Outros mais certinhos, afirmam que o doce
foi criado para homenagear Cosimo III, um granduque pertencente a família dos
Médici. Apesar de achar as duas histórias interessantes, gosto mais da terceira
que aponta o finado Alle Beccherie com centro de criação do tiramisú. Na
região de Treviso, existe um hábito de servir biscoitos embebidos de café com
queijo para dar ânimo aos que necessitam. Alba Campeol, a então dona do
restaurante, decidiu criar uma sobremesa que tangibilizasse todo esse afeto de
forma doce e elegante. Inclusive, por conta dos seus experimentos para criar a
sobremesa perfeita, só em 1972 a Academia Italiana de Culinaria registrou
oficialmente o tiramisú.
Por incrível que pareça, o
tiramisú sempre fez parte da minha vida. Fui uma criança da década de 90 nascida
uma família com hábitos tipicamente paulistanos: comer pizza todo final de
semana. Para quem não sabe ou não lembra, na maioria das pizzarias de São Paulo
eles serviam a mesma carta de sobremesas congeladas e com o mesmo formato sabor.
Para comer uma sobremesa "da casa", era preciso escolher uma pizzaria
mais sofisticada. Meu pai, que sempre foi um apreciador do tiramisú, sempre
pedia um ao final das refeições. Eu que nunca fui boba, só pedia quando sabia
que o doce era de fato caseiro. Por um tempo eu deixei o tiramisú de lado e
foquei todas as minhas energias no pudim de leite (que sempre foi uma grande
paixão). No entanto, há alguns anos redescobri a sobremesa e, hoje, peço um
sempre que posso.
Quando decidi fazer o tiramisú,
encontrei infinitas muitas variáveis. Como é possível existirem tantas
versões de um doce que é tão tradicional? Sou crica o suficiente para achar que
clássicos devem ser preservados ao máximo - caso contrário, não seriam
clássicos. Vi receitas em que o creme de ovos virava uma zabaione, outra com a adição
de chantilly, gelatina, claras em neve e assim em diante. Resumindo: tudo
errado. Sem a ajuda do Google, fui atrás de quem entendia do assunto. Ou
seja, confeiteiros conhecidos e as nonnas dos meus amigos. No final, a
recomendação foi clara: queijo mascarpone, gemas, açúcar, café, licor ou vinho
marsala, cacau em pó e biscoitos champagne. Só.
Não é nem um pouco difícil de
fazer tiramisú. Na realidade, é estupidamente fácil. Se vale de conselho,
invista em ingredientes bons e frescos. Por exemplo, quanto mais novos os ovos,
melhor. Em relação ao queijo mascarpone, se possível, escolha o que tenha a qualidade
mais alta. As vezes parece frescura, mas são esses detalhes que fazem toda a
diferença. Vejo o tiramisú como uma sobremesa bem especial por ter o sabor delicado
do creme, misturado a marcante mistura de café com licor, contrastando com o
amargo do cacau. Complexo e elegante.
Mascarpone em mãos, e vem
comigo!
Para uma travessa:
- 350g de queijo mascarpone
- 4 gemas em temperatura ambiente
- 1 xícara de chá (175g) de açúcar de confeiteiro
- 2 xícaras de chá de café bem forte ou espresso SEM AÇÚCAR e em temperatura ambiente
- 2 colheres de sopa de licor ou vinho Marsala
- 20 biscoitos champagne
- Cacau em pó para polvilhar
Na batedeira, bata as gemas
com o açúcar de confeiteiro até virar um creme claro, fofo e homogêneo. Em seguida, adicione o queijo
mascarpone e bata novamente até incorporar bem todos os ingredientes e deixar a
mistura ainda mais fofa. Reserve.
Misture o licor ou o vinho
Marsala ao café. Reserve.
Na travessa, faça uma cama com
um pouco do creme de mascarpone. Mergulhe rapidamente o lado do biscoito sem
açúcar no café e disponha imediatamente sobre o creme, com o açúcar virado para
baixo. Seja delicado porque o biscoito fica ainda mais quebradiço depois de
molhado, ok?
Cubra os biscoitos com metade
do creme reservado.
Repita a operação fazendo uma
segunda camada de biscoitos. Finalize com a outra metade do creme. Leve à
geladeira por no mínimo 6h. O doce fica mais saboroso quando descansado na
geladeira por 24h.
Antes de servir, polvilhe
cacau por cima do creme.
Bon Appétit!
Bisous,
Mariana Muller
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