25 de fevereiro de 2015

Paladar infantil: Sorvete de Creme com Cookies


Desde pequena sempre fui aficionada por sorvete comida. Quando íamos passar as férias na praia, tinha uma sorveteria na vila que era simplesmente sensacional. Os sorvetes de massa que a dona preparava chegavam a ser estúpidos de tão gostosos que eram. Minha mãe deixava que eu e meu irmão tomássemos dois cascões por dia, claro que tirando os muitos picolés de Rochinha que comprávamos na praia. Aqui em São Paulo, tirando uma ou outra sorveteria, é bem difícil de encontrar um de massa que realmente tenha gosto de caseiro. Esse "problema" somado à minha vontade, resultou na compra de uma sorveteira. Consequentemente, em uma receita de sorvete de creme com cookies.   


Eu estava namorando uma sorveteira há muito tempo! Pesquisei, achei, li resenhas, vi tutoriais no Youtube e revirei o Reclame Aqui. O ponto é que eu sou extremamente desconfiada e, por algum motivo, não me sentia segura o suficiente para efetivar a compra. Mas, as coisas mudaram. Uma amiga comprou o objeto de desejo, fez a experiência, postou o resultado e ainda garantiu que não era frustrante igual a sorveteira da Eliana. Pronto, foi o suficiente para reacender a chama a vontade e voltar a cogitar sobre uma possível aquisição. Com um preço super convidativo, eu TIVE que comprar.



Quando ela chegou em casa, eu estava naquelas últimas duas semanas estressantes do meu TCC. Resultado: tive que esperar passar para fazer um teste. Eu parecia criança, sem brincadeira. Todo dia chegava em casa e, antes de sentar na frente do computador e virar madrugadas, ficava contemplando a sorveteira e procurando algumas receitas interessantes. Quando chegou o dia de fazer o meu primeiro sorvete, não estava me aguentando de ansiedade. 


Inicialmente optei por um clássico: sorvete de creme. Nada mais justo do que dar o primeiro passo com uma receita atemporal e que todos em casa gostavam. Mas, foi só abrir o armário, que os planos mudaram. Minha mãe, milagrosamente, comprou bolachas recheadas. No caso, um pacotão de Oreo. Pronto, o sorvete de creme virou automaticamente um sorvete com cookies.



Vem comigo ver como se faz essa belezinha!

Para 800 ml de sorvete de creme com cookies:

  • 500 ml de creme de leite fresco
  • 200 ml de leite integral
  • 120g de açúcar 
  • 4 gemas
  • 1 colher de chá de essência de baunilha
  • 1 pitada de sal
  • 150g de biscoito Oreo (se não tiver, pode ser Negresco)

ANTES DE INCIAR A RECEITA, CERTIFIQUE-SE DE QUE A SUA CUBA FICOU NO FREEZER POR 24H, OK?

Comece misturando o leite, o creme de leite fresco, metade do açúcar do açúcar (60g), a essência de baunilha e o sal. Incorpore todos os ingredientes com a ajuda de um fouet e leve ao fogo baixo até a mistura ficar quente - sem ferver, ok? Se isso acontecer, o creme de leite irá talhar. 



Enquanto o creme esquenta, bata as gemas com a outra metade do açúcar com um fouet. Tente dissolver ao máximo o açúcar até que se forme um líquido amarelo bem claro.



Quando a mistura ficar quente, desligue o fogo imediatamente. Coloque metade do creme quente sobre a mistura de gemas e bata vigorosamente com um fouet. Em seguida, despeje o restante do creme e misture. Isso fará com que as gemas não cozinhem com o calor do creme.


Volte a mistura para a panela e, em fogo baixo e sempre mexendo, espere engrossar um pouco. O creme bem claro começará a ficar mais amarelado e a espuma vai desaparecer aos poucos. Faça o teste da rastro na colher para saber se está no ponto. Desligue. Se houver necessidade, passe por uma peneira para evitar possíveis gruminhos.



Deixe esfriar completamente, cubra com um papel filme e leve a geladeira por no mínimo 3 horas.


Passado o tempo, monte a sorveteira de acordo com as instruções, derrame o creme na cuba gelada e siga o procedimento como manda o fabricante.
Enquanto a massa engrossa (cerca de 30 minutos), pique grosseiramente as bolachas. Quando a massa estiver pronta, adicione as bolaches picadas.



Armazene o sorvete em um pote/forma e deixe no freezer por até 4 dias.


Bon Appétit!

Bisous,
Mariana Muller

23 de fevereiro de 2015

Misturas inusitadas: Rigatoni com Creme de Purê de Abóbora e Presunto de Parma


No post passado eu falei um pouco sobre um acompanhamento que eu adoro: o purê de abóbora cabotchá (japonesa). Para aquela receita eu utilizei aproximadamente 1,2kg de abóbora, ou seja, uma quantidade generosa absurda. O ponto é que sobrou purê para a semana inteira, então, depois de dois dias, eu não aguentava mais ver aquela pasta laranja na minha frente. Além da questão do desperdício, achei interessante dar um jeito na situação antes de mandar a receita para o limbo-do-pratos-que-eu-enjoei. Modéstia a parte, além da solução ter sido bem inusitada, ela deu muito certo: o purê virou um creme que foi parar no macarrão.



Comprei um pacote de rigatoni e deixei ele parado no armário até que eu tivesse uma ideia realmente boa. Confesso que eu tenho uma mania um tanto quanto estranha, defino as massas de acordo com os momentos de consumo: spaghetti e penne são as que eu uso para quebrar o galho do dia a dia, fusilli para quantidade, linguini e spaghettini quando quero algo mais intimista e diferenciado, e por aí vai. Para o rigatoni eu já sabia o que queria: uma comfort food. Precisava ser uma comida que agregasse sabor, cremosidade e aquela sensação de estar comendo na casa da vó. E foi ali, naquele creme alaranjado, que eu vi a minha oportunidade brilhar.


A coloração estava tão viva e bonita, que com certeza ela deveria ser a estrela do prato. Complementos com certeza, mas a abóbora em si que deveria dar o tom e sobressair em relação ao restante. Aproveitei um presunto de parma que a minha mãe tinha comprado para o meu pai para dar um gostinho a mais e um pouco de textura à massa. Como o purê estava muito grosso, precisei ralear com caldo de legumes até ficar bom para misturar.

No modo geral, acho que foi uma solução e tanto. Um prato saboroso e completo. O creme utilizado era praticamente abóbora pura, ou seja, super nutritivo. Talvez, trocando o presunto de parma pela copa, o prato fique ainda mais marcante. Quem sabe para uma próxima vez!



Vem comigo!

Para 5 pessoas:
  • 500g de rigatoni (caso queira, pode trocar por outras massas curtas como penne, orrichietti, fusilli etc)
  • 2 xícaras de chá de purê de abóbora
  • 2 xícaras de chá de caldo de legumes
  • 175g de presunto de parma
  • 200g de creme de leite (uma caixinha)
  • Noz moscada a gosto
  • Sal a gosto
  • Parmesão a gosto
  • Azeite a gosto
  • Fio de óleo
  • Água para cozinhar o macarrão
Coloque a água para ferver com um pouco de óleo. Quando ela levantar fervura, coloque um pouco de sal e o macarrão. Cozinhe de acordo com as instruções da marca escolhida, sempre lembrando que a massa deve ficar al dente e não mole. Quando a massa ficar pronta, escorra e reserve com um fio de azeite.


Enquanto a água estiver no fogo, prepare o creme. Pique o presunto de parma grosseiramente. Separe cerca de 30g e reserve o resto.


Em uma panela, coloque um fio de óleo e frite os 30g de presunto de parma até ele ficar crocante. Quando ele estiver no ponto, retire da panela, seque com um papel toalha e reserve.

Na mesma panela, adicione o purê de abóbora e o caldo de legumes. Com um fouet, em fogo baixo, incorpore um ao outro delicadamente até formar um creme liso e homogêneo.







Em seguida, desligue o fogo e adicione o creme de leite sem soro. Misture bem.

Adicione o presunto e rale um pouco de noz moscada (não muito para não ficar amargo). Misture e acerte o sal se houver necessidade.


Misture o creme ao macarrão cozido.


Para a montagem, coloque a massa no fundo do prato e salpique um pouco do presunto de parma frito por cima. Finalize com parmesão ralado.

Dica: escolha um bom vinho (tanto branco quanto tinto) para acompanhar a massa.

Bon Appétit!

Bisous,
Mariana Muller

20 de fevereiro de 2015

Recuerdos de Mendoza: Purê de Abóbora Japonesa


Eu não sei vocês, mas as pastas do meu computador as vezes ficam bem caóticas. A bagunça é surreal tanta, que costumo separar uma manhã inteira para organizar os documentos conforme manda o figurino. Dia desses, durante uma dessas arrumações, passei pelo álbum de fotos de Mendoza e, muito saudosista, parei por ali. Para quem não sabe, Mendoza é uma cidade que fica localizada no oeste da Argentina, aos pés dos Andes. Ela é conhecida pelas muitas vinícolas e pela excelência dos vinhos que exporta para o mundo. Em 2013, quando eu e meu namorado optamos pelo destino, fizemos um roteiro com as principais vinícolas que nos interessavam. Entre as selecionadas, fomos atrás daquelas que ofereciam os melhores menus harmonizados para fazermos as refeições. Foi de uma delas que me inspirei para a receita de hoje: purê de abóbora japonesa (cabotchá).


Deixamos para o primeiro dia as vinícolas que ficavam na região mais afastada: Valle de Uco. Do hotel, demoramos aproximadamente uma hora e meia para chegar na O.Fournier. De todas, acho que foi uma das que eu mais gostei. Tudo foi excepcional, inclusive eu poderia fazer vários posts sobre essa viagem. Mas, como esse não é um blog sobre viagens, vamos ao que realmente me interessa: a comida. Draga, I know

Depois de uma super visita, nos sentamos para o almoço harmonizado em seis etapas. Foi uma loucura. Uma verdadeira orgia gastronômica. A cada passo taça eu não sabia dizer o que tinha gostado mais. Tudo me agradava! Na hora do prato principal, para acompanhar o A.Crux (tinto), pedi um ojo de bífe com brócolis grelhado e purê de abóbora. Sejamos honestos minha gente, o brócolis grelhado a gente já está careca de comer, então não tem muita novidade. Mas, a combinação perfeita entre a carne e o purê de abóbora, foi de comer ajoelhada. A carne era de outro mundo: macia e saborosa. O purê então, estava leve, sedoso, temperado com maestria. Resumo: só não passei o dedo no prato porque seria ogrisse demais.



Quando terminei de rever as 1000000 fotos, perguntei-me porque nunca tinha tentado reproduzir aquele purê em casa se abóbora é um daqueles ingredientes que sempre temos disponível. Um erro. Me programei para fazer o meu primeiro purê de abóbora no final de semana. Como meu pai e meu irmão estariam fora, Veroca óbvio que dispensou a carne. Ok, tudo pelo ser herbívoro que eu chamo de mãe.

Antes de mostrar o passo a passo, uma confissão: roubei no jogo. Antes de colocar a mão na massa, fui as cabeleireiro e só para variar, atrasou. Para não matar a minha mãe de fome, cozinhei a abóbora no microondas para agilizar o processo. Sobre a receita, fiz tudo no olhomêtro e honestamente: acertei em cheio. Ficou EXTREMAMENTE saboroso, do jeito que eu queria. Com certeza é um daqueles acompanhamentos para se repetir inúmeras vezes.


Vem comigo!

Para uma travessa de purê:
  • 1,2kg de abóbora cabotchá (japonesa)
  • 1 cebola pequena picada
  • 2 colheres de sopa generosas de requeijão cremoso
  • ⅔ xícara de chá de parmesão ralado
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • Q/N de leite 
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto 
Corte a abóbora em gomos e retire as sementes. Em um prato, disponha as fatias e leve ao microondas na função "legumes" na potência máxima. Ao todo, cozinhei as fatias em 7-8 minutos. Lembre-se de cobrir o prato com uma tampa própria ou papel para não ressecar a abóbora. Caso você queira fazer do modo tradicional, coloque os gomos em uma panela, um pouquinho de água (a abóbora solta água, então não exagere), tampe e cozinhe em fogo médio por uns 20 minutos. Espete com um garfo para ver se está macia.



Espere esfriar um pouco para não queimar as mãos, corte em cubos e retire a casca com a ajuda de uma casca. Passe a abóbora ainda quente/morna por um espremedor. Reserve.





Em uma panela, derreta a manteiga e refogue a cebola até ela amolecer um pouco e começar a ficar transparente. Abaixe o fogo.


Coloque a abóbora amassada e misture bem, incorporando a massa à cebola refogada.


Quando o purê estiver bem homogêneo, adicione o requeijão e misture.


Adicione o leite aos poucos até chegar em uma consistência que te agrade. Eu gosto de um purê mais consistente, então coloquei bem pouco leite. Finalize com o queijo ralado. Acerte o sal e a pimenta se houver necessidade.


Dica: esse purê é um ótimo acompanhamento para carnes em geral.

Bon Appétit!

Bisous,


Mariana Muller

18 de fevereiro de 2015

Pós-Carnaval da preguiça: Spaghetti com Molho Cremoso de Gorgonzola e Nozes Pecãs


Todo ano, antes mesmo de fechar a viagem do Revéillon, lá estou eu fazendo planos para o melhor feriado do mundo: o Carnaval. Não sei de onde tirei esse amor pela folia, já que aqui em casa meus pais nunca alimentaram essa paixão. Não sei porquê, só sei que gosto - e muito. O ponto é que, pela primeira vez na história, esse ano as coisas foram bem diferentes. Deixei a freneticidade da data de lado para buscar... Tranquilidade. E, essa ânsia de saborear cada instante de paz que o feriado pudesse me oferecer, se refletiu na cozinha, ou melhor, no almoço pós viagem de Carnaval: spaghetti com molho cremoso de gorgonzola e nozes pecãs.


Carnaval sempre foi, digamos assim, uma data sagrada na minha vida. Quando eu era mais nova, em janeiro já começava a correr atrás de fantasias para me acabar de pular em alguns dos bailinhos que minhas tias iriam me levar durante o mês de Fevereiro. Durante a pré-adolescência, como meus pais nunca curtiram essa folia toda, me bandeava para algum lugar com a família de alguma amiguinha. A adolescência foi a fase em que eu descobri o que era Carnaval sem adultos - mesmo viajando com eles. Já mais velha, a cada ano, ia criando mais e mais histórias memoráveis. E assim foi indo, até que esse ano tudo mudou.


Tenho trabalhado tanto que, pela primeira vez na história dessa criatura que vos fala, eu queria que o Carnaval chegasse logo para que eu finalmente pudesse descansar dormir. Sem o menor remorso, abandonei os bloquinhos fervo e decidi que dessa vez tudo seria mais tranquilo - ou menos frenético, depende do seu ponto de vista. A missão foi realizada com sucesso, inclusive, a chuva que caiu no litoral norte paulista durante os quatro dias ajudou bastante para que eu não desvirtuasse saísse fora do eixo. Tudo foi bem tranquilo, com diversão na medida (minha mãe ficaria muito orgulhosa de ler isso).



Quando cheguei em São Paulo, entrei em casa e fiquei bem feliz ao perceber que ainda tinha mais um tempinho de tranquilidade. Deixei o dia passar sem me planejar e, foi só quando o estômago roncou que eu comecei a pensar no almoço. Coloquei um vinho para gelar e comecei a pensar no que comer. Dias de preguiça pedem pratos descomplicados, ou seja, únicos. Algo que não peça acompanhamentos ou que simplesmente evitem deixar a pia amontoada de louça suja. Não precisei pensar muito: risoto ou massa? Fiquei com a massa. Abri a geladeira atrás do que poderia virar um molho e achei um pedaço de gorgonzola. Para dar textura, algumas nozes pecãs que estavam guardadas no armário. Uma taça de chardonnay para acompanhar e um feriado fechado com chave de ouro.


Lazy food, lazy holiday.

Para duas pessoas:
  • 250g de spaghetti (ou qualquer outra massa longa)
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • 125g de queijo gorgonzola
  • ¼ de xícara de chá de vinho branco
  • 100g de creme de leite sem soro (meia caixinha)
  • 50g de nozes pecãs picadas grosseiramente (se não tiver a pecã, pode usar a normal, ou então substituir por qualquer outra castanha de sua preferência.)
  • Sal a gosto
  • Pimenta do reino a gosto
  • Fio de óleo
  • Água para cozinhar o macarrão

Comece preparando a massa. Coloque a água para ferver com um fio de óleo, quando ela ferver adicione sal e cozinhe conforme as instruções do fabricante. Eu usei uma massa italiana que demorou aproximadamente 9 minutos para ficar pronta. Lembre-se sempre da regra de ouro: macarrão sempre al dente, nunca mole demais.


Enquanto isso, esfarele com a ajuda de um garfo o pedaço de gorgonzola. Isso irá facilitar na hora de preparar o creme. Reserve.


Em um panela, derreta a manteiga e em seguida o queijo gorgonzola. Quando ele estiver completamente derretido, adicione o vinho branco e misture. Desligue o fogo.




Adicione o creme de leite e misture até o creme ficar bem homogêneo. Acerte o sal se houver necessidade e a pimenta do reino. Reserve.



Pique grosseiramente as nozes. Reserve.


Escorra o macarrão e volte imediatamente para a panela. Coloque o molho morno/quente por cima e misture bem. Por último, adicione as nozes pecãs e misture.



Dica: para o prato e a temperatura elevada, escolhi um bom chardonnay para acompanhar a refeição. Se quiser algo mais marcante, experimente misturar iscas de carne no molho e trocar o vinho branco por um tinto.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller