13 de julho de 2015

Herança da boemia carioca: Picadinho de Carne!


Já falei inúmeras vezes que as vezes o corpo, ou melhor, o estômago da gente pede uma comidinha sem muitas invenções. Aquela comidinha de avó, com cara de dia a dia, gosto de casa e que cumpre com excelência máxima o seu papel. Foi pensando no cotidiano agitado dos trabalhadores, que eu trouxe uma receitinha daquelas. Com certeza você já pediu durante o seu mísero horário de almoço e nunca se arrependeu da escolha: Picadinho de Carne.  

O picadinho surgiu no Rio de Janeiro e, de lá, tratou de se espalhar pelas demais cozinhas cariocas e paulistanas. O prato, por incrível que pareça, é símbolo da boemia carioca das décadas de 50 e 60. Para alimentar os incansáveis festeiros que haviam saído de casa apenas com o jantar no estômago, os bares da cidade passaram a preparar o tal "picadinho da madrugada". Dizem que o sucesso foi tão grande, que o Copacabana Palace no seu auge, também passou a prepará-lo para os seus hóspedes. Foi a partir daí que o prato passou a fazer mais sucesso entre os demais moradores da capital fluminense. Anos depois, quando virou uma prática o trabalhador não voltar para a casa almoçar, pela sua facilidade, os restaurantes incorporaram o prato no menu fixo da semana. Assim como o clássico bife rolê de terça, o picadinho de carne tornou-se a estrela das segundas-feiras.


Uma coisa é verdade: quando a fome bate, não tem nada mais agradável do que uma comida simples e com jeito de caseira. Adoro uma novidade ou uma mistura um pouco mais exótica, não vou mentir. No entanto, devo confessar que tenho uma paixão devastadora por essa comidinha do dia a dia. Quem me conhece e convive comigo, sabe bem que eu não abro mão de um bom PF. É, pê-éfe mesmo, o famoso e incrível prato feito. Quando a fome bate pra valer, eu me rendo sem nenhuma frescura e com o maior prazer as combinações mais famosas dos tradicionais botecos paulistanos.



Claro que não é qualquer boteco, afinal, qualidade é primordial para fazer do picadinho um Senhor Picadinho. Quem me ensinou isso foi a minha avó paterna, que fazia um de tirar o chapéu. Ela me ensinou que justamente por ser um prato simples, tudo tinha que brilhar e compor por igual. Ou seja, todos os ingredientes são de extrema importância: o corte da carne utilizado, a cor e a textura do caldo, o aroma exalado e os acompanhamento eleitos.



O filé mignon é sempre o corte mais indicado, mas você também pode usar alcatra (que foi o que eu fiz), coxão mole ou coxão duro. Arroz branco e farofa são dois dos acompanhamentos obrigatórios! Você pode complementar com um ovo (cozido com gema mole, poché ou frito), banana à milanesa ou pastelzinho. O feijão, eu costumo dispensar porque acho que ele não combina com o picadinho já caldoso. Lembre-se apenas de balancear para não deixar o prato pesado demais. Por exemplo, se você quiser banana frita ou pastel, não faça com o ovo frito. Quer ovo frito e banana de qualquer jeito? Experimente fazer um vinagrete com ela ao invés de fritá-la ou então uma farofa. Solte a criatividade que o seu picadinho irá brilhar!


Facas à mão, e vem comigo!

Picadinho para 6 pessoas:
  • 1kg de alcatra
  • 80g de bacon
  • 2 tomates
  • 1 cebola
  • 2 dentes de alho
  • 375ml de cerveja escura
  • 1 xícara de chá de água
  • 2 colheres de sopa de farinha
  • 2 colheres de sopa de mostarda
  • 1 colher de sopa de molho inglês
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • 1 pimenta dedo de moça
  • Sal a gosto
  • Pimenta-do-reino a gosto
  • Q/N de óleo

Limpe a alcatra retirando todos os sebinhos, gordurinhas e nervos possíveis. Em seguida, se você tiver prática, vá retalhando os pedaços com a faca diretamente da peça de carne. Caso não se sinta confortável, você pode cortar bifes, fazer tiras e em seguida picar os cubinhos.




Seque a carne já picada e aos poucos, pressionando os pedaços sobre um papel toalha e reserve.



Descasque e pique os tomate em cubinhos. Reserve.

Pique a cebola e o alho, ambos em cubinhos e reserve. Retire as sementes da pimenta dedo de moça e também corte em cubos.




Em seguida, pique o bacon de forma grosseira e reserve.


Em uma panela bem quente, coloque um fio de óleo e sele/doure ⅟3 da carne. Como nós vamos cozinhar a carne em seguida, essa etapa é importante para manter os líquidos dentro das pedaços. A "selagem" pode ser vista como um envelope protetor que garantirá a suculência e a maciez da proteína. Faça isso mais duas vezes, sempre colocando mais óleo a cada etapa e reserve.



Na mesma panela, adicione mais um fio de óleo e doure o bacon em fogo médio.


Quando ele estiver dourado, adicione a cebola. Quando a sua coloração mudar, adicione o alho e a pimenta dedo de moça. Refogue mais 2 minutos.



Em seguida, adicione a carne reservada e o tomate, e refogue até ele começar a amolecer.


Em seguida, coloque a cerveja escura e a água.


Prepare a pasta de farinha com manteiga para engrossar o caldo. Junte os dois ingredientes e misture até formar um creme bem homogêneo. Adicione ao ensopado. Normalmente esse creme é feito em uma panela separada para cozinhar a farinha, mas como a carne ainda vai cozinhar mais um tempo, não há necessidade de colocar o creme já cozido. Acrescente também a mostarda e o molho inglês.



Deixei a carne cozinhar em fogo médio com a tampa até o molho engrossar  e reduzir. Faça isso por 20 minutos. Caso a água seque rápido demais ou o caldo engrosse muito, adicione um pouco mais de água.

Quando o picadinho estiver pronto, acerte o sal e a pimenta do reino.

Bon Appétit!

Bisous,
Mariana Muller

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