Quando
minha avó por parte de mãe ainda era viva e ativa, tínhamos uma tradição para o
almoço do dia 25 (no caso, o almoço de Natal): comer nhoque com catupiry,
frango desfiado e molho rosé. Com certeza aquele era o prato que mais agradava
a família. Todos comiam, nem que fosse só um pouquinho. E se não fosse esperto rápido, ficava sem! Não era a toa que ela ficava responsável pela colher, assim
se certificava de que todos poderiam experimentar se esbaldar.
Inclusive, sempre tive a sensação de que a cada Natal ela aumentava aquela
forma de nhoque.
O molho
era bom, mas a estrela principal era o nhoque. Na realidade, a massa. Nossa,
nunca mais comi um nhoque tão bom como o que a minha avó fazia. Claro que tem
todo o peso emocional, a memória afetiva, mas com certeza, posso afirmar que a
massa era boa pra valer! Dona Julia não admitia colocar comida “mais ou menos”
na mesa, era uma coisa meio relacionada à honra, orgulho. Ela dizia que não,
mas todos sabiam que ela ficava super satisfeita quando via as travessas se
esvaziarem rapidamente. Sabe como é, coisa de avó.
Enfim,
depois que ela morreu ninguém mais na família fez aquele prato. Minha mãe até
tentou fazer o molho com um nhoque pronto, mas sabe como é ficou ruim.
E então, nunca mais ninguém fez nhoque caseiro. E eu amo nhoque! Logo, tive que
resolver do meu próprio jeito. No caso: cozinhando.
O
problema é que ninguém tinha a receita, então eu tive que pesquisar. E além de
pesquisar, tentar lembrar de algo. De algum detalhe. Eu acompanhei uma produção
de nhoque algumas vezes (no caso, uma nhocada), e só conseguia lembrar de duas
coisas: assar as batatas ao invés de cozinhá-las e tentar usar pouca farinha
para deixar a massa mais leve e saborosa. De resto, tive que me virar.
Primeiro
que é importante assar as batatas porque assim elas ficam mais secas e quanto
menos água na massa, melhor. Na hora de amassar com a farinha, ela libera o
vapor – que nada mais é do que água. Quando cozinhamos as batatas na água, elas
acabam absorvendo muito líquido. Quanto mais seca a batata estiver, menos
farinha você usará.
Mãos à obra!
Para 5
pessoas:
- 1kg de batata
- 1 gema de ovo
- 100g a 200g de farinha + para enrolar
- Azeite a gosto
- Sal a gosto
- Noz moscada a gosto
Para o
molho:
- 700ml de molho de tomate (de preferência o caseiro)
- 350g de carne moída
- 2 colheres de sopa de cebola picada
- 1 dente de alho
Pré-aqueça
o forna à 180º.
Lave as
batatas e seque-as. Com a ajuda de um garfo, fure muito bem cada uma delas.
Coloque-as em uma forma e regue com um azeite de boa qualidade. Asse por 1h.
Enquanto
isso, prepare o molho. Em uma panela, coloque um fia de azeite e refogue a
cebola picada com um dente de alho amassado. Quando a cebola estiver suada e o
alho levemente dourado, acrescente e a carne moída e enquanto ela cozinha
desfaça os bolinhos de carne. Eu não gosto de carne moída muita seca (acho que
perde o gosto), então não deixo a água secar muito. Adicione o molho vermelho caseiro e acerte o sal se houver necessidade. Reserve.
Quando
as batatas estiverem no ponto, retire-as do forno e espere esfriar um pouco.
Com a ajuda de uma faca, descasque cada uma delas.
Com o espremedor de batatas, esprema cada uma delas. Não deixe a batata esfriar
completamente, pois, ela fica dura e depois é difícil de trabalhar com o
espremedor, ok?
Adicione
uma gema de ovo batida e misture. Rale um pouco de noz moscada (não muito para não deixar a massa amarga). Depois, adicione a farinha aos poucos e vá misturando até a massa
ficar lisa e homogênea (como você vai trabalhar com as mãos, ela não deve ficar grudenta). A medida de farinha não é exata, pois, depende muito da batata utilizada.
Enfarinha
a bancada com um pouco de farinha e abra "cobrinhas" de massa
(grossura de uma dedo gordinho rs). Com uma faca, corte porções de
aproximadamente 3cm. Quanto mais grosso for o seu nhoque, mais ele vai demorar
para cozinhar. Para não grudarem, coloque-os em um prato/forma enfarinhada.
Prepare
um bowl com bastante água gelada.
Aqueça
uma panela com água. Aqui é bom prestar bastante atenção! A água deve estar a
ponto de levantar fervura, mas deve ferver para não desmanchar os nhoques. Se
a água ferver abaixe o fogo, se não tiver jeito, desligue um pouco. Coloque pouco a pouco do nhoque na água quente e quando ele subir/boiar, retire-os da água com uma escumadeira e coloque na água gelada. Isso fará com que ele pare de cozinhar. Em seguida, coloque uma forma/pirex com azeite.
Sirva com
molho quente e um pouco de parmesão ralado.
Bon
Appétit!
Bisous,
Mariana
Muller
É possível congelar? Por quanto tempo?
ResponderExcluirOi Luana! É possível sim. Uma vez tive que dobrar a receita e, ao começar a levar os nhoques para a água, percebi que tinha mais que o necessário.
ExcluirFiz da seguinte forma: cozinhei os nhoques e assim que levantaram fervura, coloquei-os em uma forma e esperei que esfriassem ao máximo. Delicadamente, coloquei-os dentro de um saco plástico e lacrei tirando o máximo de ar possível - sempre tomando MUITO cuidado para não amassá-los.
Levei ao freezer e consumi quase 1 mês depois. Eu recomendo consumir em até dois meses.
Espero que tenha ajudado!
Beijos ;)