Branca, queimada,
quebra-queixo, puxa-puxa, cremosa, com abóbora ou maracujá. De um jeito ou de
outro, todo mundo um dia já comeu cocada na vida. Ela já foi doce de escravo
para se tornar “gourmet”. Sim, nem o nosso querido doce de coco escapou dessa
babaquice da gourmetização. Da mesma forma que desconfio de pessoas que não
gostam de Catupiry, eu também fico com o pé atrás quando escuto “cocada não é
nada demais”. WHAAAAAT? O post de hoje é sobre um dos doces mais brasileiros
que existem no país, acompanhado de uma receitinha pra lá de especial: cocada
cremosa assada.
A cocada, que do meu ponto de
vista pode ser considerado um bem histórico, já foi definida como o doce mais
popular do Nordeste brasileiro. Inclusive, dizem que tudo começou na Bahia,
pelas mãos dos escravos angolanos que aportavam na região. Como existia uma
abundância de coco, quando os escravos voltavam para a senzala, ralavam o fruto,
misturavam com o açúcar mascavo e ficavam cozinhando até dar o ponto. De lá, a
iguaria se difundiu pelo território brasileiro. Mais tarde, já completamente
incorporada à cultura popular, passou a ser fonte de renda de muitas donas de
casa. A cocada era feita em casa e depois, vendida em grandes tabuleiros de
madeira pelas ruas.
Eu sempre gostei muito de
cocada. Inclusive, até hoje é um dos meus doces prediletos. Quando eu era mais
nova, era comum encontrar vendedores de cocada pela rua. Tinha um em especial,
que ficava próximo de casa e vendia a melhor cocada quebra-queixo do mundo! Era
meio assustador quando ele tirava um martelo para quebrar um pedaço, mas,
tirando isso, o sabor era sensacional. A sensação de que seus dentes nunca mais
iriam desgrudar valia cada mordida.
Veroca, que é uma
formiguinha fã de cocada, diz que o doce tem o sabor de sua infância. Há
alguns anos, ela preparou para o Natal algumas sobremesas. Entre o tradicional
pavê, rabanada e outras iguarias natalinas, lá estava a novidade: uma bela
cocada cremosa assada. No começo ela ficou receosa mas, aos poucos, a cocada
foi sumindo. Hoje, é um dos doces mais requisitados pela família. É batata: ou
come quando tem, ou fica sem.
Vem comigo ver o que é
brasilidade!
Para uma forma de cocada:
- 500g de coco ralada FRESCO (o seco NÃO SERVE)
- 0,5L de água de coco
- 3 xícaras de chá de açúcar orgânico + 1 colher de sopa de açúcar
- 4 ovos em temperatura ambiente
- 2 colheres de manteiga + para untar
Em uma panela, misture a água
de coco com o açúcar. Em fogo médio, deixe ferver SEM MEXER, até engrossar um pouco.
Isso leva de 15 a 20 minutos.
Em seguida, adicione o coco
ralado e mexa delicadamente. Sempre mexendo para não queimar, deixe a calda
quase secar. Abaixe o fogo.
Adicione a manteiga e mexa até derreter.
Bata os ovos com uma colher de
sopa de açúcar até espumar. Adicione os ovos batidos sobre o coco, sempre
mexendo. Aqui é importante agilidade, ok? Não deixe os ovos cozinharem. Mexa
bem. Desligue o fogo.
Pré-aqueça o forno à 160º.
Unte uma assadeira com
manteiga e espalhe a cocada.
Asse até ela adquirir uma
coloração dourada. No meu forno o processo demorou algo em torno de 20 minutos.
Pode ser que esse tempo varie, ok?
Dica: compre o coco na feira e
peça para o feirante não ralar muito fino. Para acompanhar a cocada, um bom
sorvete de creme casa de forma primorosa.
Bon Appétit!
Bisous,
Mariana Muller
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