27 de outubro de 2014

Das senzalas para o país: Cocada Cremosa Assada


Branca, queimada, quebra-queixo, puxa-puxa, cremosa, com abóbora ou maracujá. De um jeito ou de outro, todo mundo um dia já comeu cocada na vida. Ela já foi doce de escravo para se tornar “gourmet”. Sim, nem o nosso querido doce de coco escapou dessa babaquice da gourmetização. Da mesma forma que desconfio de pessoas que não gostam de Catupiry, eu também fico com o pé atrás quando escuto “cocada não é nada demais”. WHAAAAAT? O post de hoje é sobre um dos doces mais brasileiros que existem no país, acompanhado de uma receitinha pra lá de especial: cocada cremosa assada.

A cocada, que do meu ponto de vista pode ser considerado um bem histórico, já foi definida como o doce mais popular do Nordeste brasileiro. Inclusive, dizem que tudo começou na Bahia, pelas mãos dos escravos angolanos que aportavam na região. Como existia uma abundância de coco, quando os escravos voltavam para a senzala, ralavam o fruto, misturavam com o açúcar mascavo e ficavam cozinhando até dar o ponto. De lá, a iguaria se difundiu pelo território brasileiro. Mais tarde, já completamente incorporada à cultura popular, passou a ser fonte de renda de muitas donas de casa. A cocada era feita em casa e depois, vendida em grandes tabuleiros de madeira pelas ruas.


Eu sempre gostei muito de cocada. Inclusive, até hoje é um dos meus doces prediletos. Quando eu era mais nova, era comum encontrar vendedores de cocada pela rua. Tinha um em especial, que ficava próximo de casa e vendia a melhor cocada quebra-queixo do mundo! Era meio assustador quando ele tirava um martelo para quebrar um pedaço, mas, tirando isso, o sabor era sensacional. A sensação de que seus dentes nunca mais iriam desgrudar valia cada mordida.

Veroca, que é uma formiguinha fã de cocada, diz que o doce tem o sabor de sua infância. Há alguns anos, ela preparou para o Natal algumas sobremesas. Entre o tradicional pavê, rabanada e outras iguarias natalinas, lá estava a novidade: uma bela cocada cremosa assada. No começo ela ficou receosa mas, aos poucos, a cocada foi sumindo. Hoje, é um dos doces mais requisitados pela família. É batata: ou come quando tem, ou fica sem.


Vem comigo ver o que é brasilidade!

Para uma forma de cocada:
  • 500g de coco ralada FRESCO (o seco NÃO SERVE)
  • 0,5L de água de coco
  • 3 xícaras de chá de açúcar orgânico + 1 colher de sopa de açúcar
  • 4 ovos em temperatura ambiente
  • 2 colheres de manteiga + para untar

Em uma panela, misture a água de coco com o açúcar. Em fogo médio, deixe ferver SEM MEXER, até engrossar um pouco. Isso leva de 15 a 20 minutos.


Em seguida, adicione o coco ralado e mexa delicadamente. Sempre mexendo para não queimar, deixe a calda quase secar. Abaixe o fogo.


Adicione a manteiga e mexa até derreter. 

Bata os ovos com uma colher de sopa de açúcar até espumar. Adicione os ovos batidos sobre o coco, sempre mexendo. Aqui é importante agilidade, ok? Não deixe os ovos cozinharem. Mexa bem. Desligue o fogo.





Pré-aqueça o forno à 160º.

Unte uma assadeira com manteiga e espalhe a cocada.

Asse até ela adquirir uma coloração dourada. No meu forno o processo demorou algo em torno de 20 minutos. Pode ser que esse tempo varie, ok?

Dica: compre o coco na feira e peça para o feirante não ralar muito fino. Para acompanhar a cocada, um bom sorvete de creme casa de forma primorosa.

Bon Appétit!

Bisous,

Mariana Muller

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